Dia das crianças? Que interessante entendermos o que isso significa. Se formos adultos de fato, em nosso lugar no mundo, podemos entender o significado profundo que teria um dia para revisitar a criança interna.
Ao vivermos nosso presente, vamos entendendo que, se precisamos ver nosso passado, no qual já fomos crianças, devemos estar adultos, fortes, integrados e perfeitamente em nosso lugar no mundo, para podermos resolver as situações de vida anteriores. Uma culpa, um trauma, uma perda de infância, uma criança que sofreu, só pode ser acolhida por um adulto que está no lugar certo, que cresceu e que entende sua força. Um dia da criança serve para nos posicionarmos. Se eu estou no lugar de adulto ou se sou um adulto criança. Estar no lugar de adulto significa entender a cronologia, entender que as fases anteriores foram vividas (eu cresci, eu fui amado, meu corpo cresceu, eu posso ser adulto, pai/mãe, esposo/esposa).
Se estou com a cronologia quebrada, ainda sou criança, criança crescida, que ainda precisa da mãe/pai para conduzir, que não pode estar no lugar de pai/mãe/marido/esposa devidamente posicionado. E que falar do amor? Amor verdadeiro. Aquele, no qual o parceiro é mesmo parceiro: vamos crescer e evoluir juntos e, se eu dou um passo, ajudo no passo do outro. Quero que o adulto ao meu lado cresça também, que seja independente, que possa voar – eu empresto as asas. Posso estar seguro, pronto para a viagem do outro, porque esse é o objetivo. E, estou seguro, mesmo que suas asas sejam tão grandes que seu voo seja para outro lugar. Há uma alegria em qualquer voo. E, se esse voo o faz voltar-se, agradeço da mesma maneira, desde meu centro, desde minha própria essencia.
E a criança? A criança, a criança interna, está lá esperando o adulto, o nosso adulto do lugar certo, que é o único que pode voltar até ela, estender-lhe a mão e orientá-la. O adulto de hoje, é sempre o melhor que pode ser. Mas, quando entende que, fortalecido por esse entendimento, precisa dar apoio a criança sofrida que foi, vai entender algo ainda maior: ele mesmo, durante toda sua vida, conduziu os passos daquela criança que se tornou o adulto de hoje. Eu mesmo!